quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Partidas Inesperadas

Partidas Inesperadas

Quando éramos crianças, ouvíamos o badalar compassado do sino da igreja anunciando um falecimento.

Quantas vezes, franzíamos nossa expressão com este triste soar. As andorinhas voavam em rebanho, um galo cantava no quintal do vizinho, as nuvens encobriam parcialmente o sol. 
E nós, por ali ficávamos a  saber quem tinha ido embora. Muitas vezes era uma pessoa próxima, amiga de nossos pais. Mas, a infância e seu estado de espírito não nos deixava que a tristeza se apoderasse do resto do dia.

Hoje, já em nossa maturidade, pelo menos etária, vemos a partida de um amigo com mais intensidade. Talvez porque nos tornamos mais frágeis, mais sentimentais e também porque estamos no meio dessa estrada.

O sino da igreja não badalou, nem as andorinhas saíram em disparada das castanholas da praça. Tudo permaneceu como sempre: buzinas, o corre-corre de pedestres, os noticiários, a empregada passeando com o cachorro... 
Mas, eu não: senti-me em Reriutaba com a partida inesperada do primo e amigo Abílio César.  O sinal sonoro da notícia nas redes sociais substituiu o sino da igreja, mas me deixou tão triste como naqueles cenários doutrora.

Apesar de residir em João Pessoa, sempre o via em Reriutaba: Natal, Festa de Agosto, Carnaval. E sempre estava ali a passear pela feira, cumprimentando serenamente um e outro amigo.

Assim ficou gravada a imagem do amigo Abílio César. Estava sentado com meu pai na calçada lá de casa num sábado de feira. Justamente no dia 16 de agosto deste ano.
Ele veio a nosso encontro e afagou meu pai, dizendo: - Lulu, você está bem! Que bom vê-lo aqui em Reriutaba! Meu pai levantou a cabeça e o cumprimentou: - Ah, é o Abílio César! Tudo bem! Fiquei ali observando o respeito e a amizade contidos naquele cumprimentar que trazia visivelmente  um incentivo ao papai continuar firme e forte!

Sentimentos a todos nós e principalmente à família pela prematura viagem do amigo Abílio César! 

Que Jesus o acolha e amenize sua ausência!

Luiz Lopes Filho, 09 de outubro de 2014