quinta-feira, 20 de março de 2014

Meu primo, meu amigo, meu compadre

Meu primo, meu amigo, meu compadre


Quando criança, afugentava-nos com seu jeito possessivo, tinha ciúmes de sua mobilete Garelli, tinha ciúmes das siriguelas do quintal de sua casa, mas logo na juventude deixou mostrar seu lado brincalhão, contagiando a todos nós com alegria e mostrando-se sempre prestável.

Evandro Filho, você se lembra quando assistíamos a “Tempos Modernos”, um velho filme do Charles Chaplin lá em casa juntamente com o papai? Você estava deitado no chão com o rosto na almofada. Todos nós já cochilando e você, de repente, deu um salto, rodopiou, fez um mugango para meu pai e para mim e saíu imitando o Chaplin? Quase choramos de tanto rir!

Os tempos passaram e você sempre correndo. Correndo para o trabalho, correndo para encontrar sua família, correndo para conversar como os amigos, correndo para voltar para sua casa. Parecia até que você tinha um cronometrado tempo neste plano e não queria desperdiçar nenhum segundo.

Sua partida, Evandro Filho foi muito dolorosa para todos nós. Muito e muito dilacerante para mim. Você que sempre demonstrou atenção e admiração por mim. E, correndo sempre, pouco programamos finais de semanas juntos, seja na praia, seja no interior.

Todas as vezes que passava em Santa Quitéria, você era minha primeira parada. Depois é que eu passava na casa da vovó.

Você deixava seus clientes e vinha a meu encontro:
- Tudo bem, cumpade?! A cumade tá bem? Tá indo prá onde?
- Se você for ficar o final de semana por Reriutaba, me avise que vou para o sítio com a Sheyla e os meninos!

Você falava de seus projetos de nova casa, falava que a Vitória só tirava nota boa e já estava estudando em Sobral. Elogiava o Rodrigo; pedia opinião sobre seus negócios, perguntava pelas minhas obras e, num constante sorriso me repassava como amava a Sheyla e seus filhos.

Nesta pressa constante, você nos deixou, foi correndo ao encontro do Pai eterno.

Não vou esquecer nunca seu jeito humilde de me receber, de me tratar bem e que nunca lhe retribui à altura.

Mas, tenho fé n’Ele que lhe acolherá em Seus braços e lhe permitirá proteger sua família sem precisar correr, apenas abrindo uma janela lá em cima e deixando fluir seu constante e agradável sorriso!

Um grande abraço, meu cumpade Evandro Filho! Você continuará sempre conosco em nossos corações!



Luiz Lopes Filho, 20 de março de 2014