segunda-feira, 9 de julho de 2012

Trem da Vida

Trem da Vida



Há meninos do interior chamados de beradeiros que significa bem mais que morar na beira de estrada, acrescenta também sua situação de matutos. Sempre morei na beira de estrada....de ferro: fui também um menino beradeiro. Em certas madrugadas acordava-me com o barulho do trem cargueiro que fazia o percurso Teresina-Fortaleza, levando combustíveis e trazendo semente de oiticica, de algodão e diversas mercadorias. O ranger das rodas nas bordas dos trilhos acordava-me às duas da manhã, mas também me fazia adormecer como se o trem fosse o arco a escorregar pelas cordas de um violino de ferro, soando uma canção mal composta.


Vejo-me sempre a incluir uma estação, um vagão ou uma locomotiva em meus textos, talvez por este comboio sempre ter vivido a meu lado, ora indo, ora voltando. Seja quando meu pai viajava para Fortaleza e eu ficava esperando o trem trazê-lo de volta com muitas novidades e presentes; seja quando minha mãe voltava de uma viagem a Sobral; seja quando tive que deixar minha terra para estudar na capital.

O trem sempre foi um condutor de minhas alegrias e de minhas saudades. E também de minhas dores de barriga. Ainda criança, sob a tutela de seu Firmino, ao término das férias, tinha que retornar à Fortaleza e, no pequeno percurso de minha casa à estação, carregava sempre uma mala e uma dor de barriga, fruto do somatismo da saudade e da ansiedade. Este mal estar só diminuía quando já embarcado, acenava para meus pais e encarava a volta como uma tarefa, uma obrigação natural.

Li um dia desses um texto sobre um trem que ligava nossa vida a uma viagem, numa analogia quase perfeita, porém um pouco laica ou pelo menos desprovida de uma fé mais intensa no Criador.  E a viagem é mais ou menos assim descrita pelo Trem da Vida: 


Quando nascemos, entramos nesse trem

e nos deparamos com algumas pessoas que julgamos,
estarão sempre nessa viagem conosco; nossos pais.
Infelizmente, isso não é verdade.
Em alguma estação eles descerão e nos deixarão
órfãos de seu carinho, amizade e companhia insubstituível..ou também tenhamos que descer antes deles e deixá-los com uma imensa ferida de saudades.
Mas isso não impede que, durante a viagem, pessoas interessantes
e que virão a ser super especiais para nós, embarquem.
Chegam nossos irmãos, amigos e amores maravilhosos!
Muitas pessoas tomam esse trem, apenas a passeio.
Outros encontram nessa viagem, somente tristezas.
Ainda outros circularão pelo trem,
prontos para ajudar a quem precisa.


Muitos descem e deixam saudades eternas,
outros tantos passam por ele de uma forma que,
quando desocupam seu acento, ninguém nem sequer percebe.
Curioso é constatar que alguns passageiros, que nos são tão caros,
acomodam-se em vagões diferentes dos nossos.
Portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles,
o que não impede, é claro, que durante o trajeto, atravessemos
com grande dificuldade nosso vagão e cheguemos até eles...
Só que, infelizmente, jamais poderemos sentar a seu lado,
pois já terá alguém ocupando esse lugar.
Não importa, é assim a viagem: cheia de atropelos,
sonhos, fantasias, esperas, despedidas...
Porém, jamais retornos.

Façamos essa viagem então, da melhor maneira possível,
tentando nos relacionar bem com todos os passageiros,
procurando em cada um deles o que tiverem de melhor.
Lembrando sempre que, em algum momento do trajeto,
eles poderão fraquejar e provavelmente
precisaremos entender isso, porque nós também
fraquejaremos muitas vezes e, com certeza,
haverá alguém que nos entenderá.
O grande mistério afinal é que jamais
saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros,
nem aquele que está sentado ao nosso lado.

Eu fico pensando, se quando descer desse trem,
sentirei saudades... Tenho certeza que sim:
Separar-me de alguns amigos que fiz nessa viagem;
Deixar meus filhos continuarem a viagem sozinhos.
Mas me agarro na esperança de que, em algum momento,
estarei na estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar
com uma bagagem que não tinham quando embarcaram...
E o que vai deixar-me feliz será pensar
que eu colaborei para isso.


Luiz Lopes Filho, 
Fortaleza-CE, 09/07/2012

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Viver ou Juntar Dinheiro?

Viver ou Juntar Dinheiro?


Max Gehringer 

Vocês conhecem o Max? Aquele rapaz que começou como Office-boy  em Jundiaí-SP e se tornou um administrador de empresas e escritor sobre gestão empresarial? Gehringer, sempre simpático nas telas de jornais como CBN e Globo vive a percorrer o país proferindo conferências sobre economia, gestão empresarial e, logicamente sobre gestão de nossas vidas. Os intelectuais, os acadêmicos, mestrandos e o público em geral tem muita admiração pela forma de sua abordagem em certos temas de nosso dia-a-dia.

Lendo sobre um destes, resolvi compartilhar com meus leitores e, principalmente com meus pais. Outro dia, fui cercado por suas indagações carregadas de preocupações próprias de qualquer boa mãe: - Meu filho, vejo sempre você em restaurantes; como vai suas economias? Meu filho, você tem sido previdente? ...E assim por diante. Que bom e quão gratificante a gente ainda ter o privilégio de receber tais conselhos. E o pior é que a gente se irrita: não sei se com as redes sociais que nos delatam onde estamos e o que estamos fazendo ou se com o sadio zelo de nossos pais. Bom, segue então o texto do Max:

Recebi uma mensagem muito interessante de um ouvinte da CBN e peço licença para lê-la na íntegra, porque ela nem precisa dos meus comentários.
Lá vai: "Prezado Max, meu nome é Sérgio, tenho 61 anos e pertenço a uma geração azarada: Quando era jovem as pessoas diziam para escutar os mais velhos, que eram mais sábios. Agora dizem que tenho que escutar os jovens, porque são mais inteligentes.
Na semana passada li numa revista um artigo no qual jovens executivos davam receitas simples e práticas para qualquer um ficar rico. E eu aprendi muita coisa... Aprendi, por exemplo, que se eu tivesse simplesmente deixado de tomar um cafezinho por dia, durante os últimos 40 anos, eu teria economizado R$ 30.000,00. Se eu tivesse deixado de comer uma pizza por mês, teria economizado R$ 12.000,00 e assim por diante. Impressionado, peguei um papel e comecei a fazer contas, então descobri, para minha surpresa, que hoje eu poderia estar milionário.
Bastava não ter tomado as caipirinhas que tomei, não ter feito muitas das viagens que fiz, não ter comprado algumas das roupas caras que comprei e, principalmente, não ter desperdiçado meu dinheiro em itens supérfluos e descartáveis. Ao concluir os cálculos, percebi que hoje eu poderia ter quase R$ 500.000,00 na conta bancária. É claro que eu não tenho este dinheiro. Mas, se tivesse, sabe o que este dinheiro me permitiria fazer? Viajar, comprar roupas caras, me esbaldar com itens supérfluos e descartáveis, comer todas as pizzas que eu quisesse e tomar cafezinhos à vontade. Por isso acho que me sinto absolutamente feliz em ser pobre.
Gastei meu dinheiro com prazer e por prazer, porque hoje, aos 61 anos, não tenho mais o mesmo pique de jovem, nem a mesma saúde. Portanto, viajar, comer pizzas e cafés, não faz bem na minha idade e roupas, hoje, não vão melhorar muito o meu visual!
Recomendo aos jovens e brilhantes executivos que façam a mesma coisa que eu fiz. Caso contrário, chegarão aos 61 anos com um monte de dinheiro em suas contas bancárias, mas sem ter vivido a vida".
"Não eduque o seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz.
Assim, ele saberá o valor das coisas, não o seu preço."