terça-feira, 22 de novembro de 2011

Lembrança guardada nas páginas de um velho livro


Aproximava-se dezembro de 1982, olhos míopes encaixados entre as metades de um livro de geometria e, por um corolário, ascendi ao plano da saudade.

Saudade já nem tanto, mas sede de matá-la, pois se aproximavam as férias de fim-de-ano.
Apenas uma prova me separava de Reriutaba. Mala pronta há mais de 1 mês!

Passagem já comprada no guichê da empresa Horizonte há duas semanas! Vontade de chegar em casa, de sentir o cheiro seco dos galhos de marmeleiros à beira da estrada empoeirada.

Pegaria a Horizonte na antiga Rodoviária dos Pobres em Antônio Bezerra. Muita gente apinhada esperando o expresso que partira da Rodoviária Eng.João Tomé; algumas senhoras conhecidas de meu pai, alguns estudantes mais antigos e minha reserva tímida de pouco falar com meus próprios conterrâneos.

Dinheiro contado para comer uma paçoca em Irauçuba e uma coca-cola em Sobral.

Assim encontrei esta foto entre as últimas páginas do livro de Geometria e rabisquei uma declaração de amor à Reriutaba que se encontra no verso da foto da Matriz datada de 1981.

Hoje, após a recente partida de minha doce Dona Aidan, a quem me concedeu também seu amor materno aquí em Fortaleza, meu tio encontrou também nas últimas páginas de sua agenda estas imagens que teimam em revelar meu passado e que ela também guardou com tanto carinho.
Luiz Lopes Filho,
Fortaleza-CE, 20 de agosto de 2006

Um comentário:

  1. Luiz,
    Seus artigos retratam e legitimam o seu laço cultural e afetivo com Reriutaba. Que interessante é demarcar essas representações do lugar de origem, com bastante amor e dedicação!

    ResponderExcluir